quarta-feira, 2 de março de 2011

Concursos federais só em 2012

Ministério do Planejamento anuncia suspensão das seleções públicas. Contratações, só em casos emergenciais
Ivan Iunes e Tiago Pariz Diego Abreu

O anúncio do detalhamento dos cortes de R$ 50 bilhões no Orçamento da União trouxe a estiagem de concursos públicos para o Executivo até o fim do ano. Dos cerca de R$ 5 bilhões previstos para a contratação de pessoal pela União, em 2011, a tesoura do Ministério do Planejamento limou R$ 3,5 bilhões. "Não vai ter concurso público nenhum neste ano. A não ser que tenha uma emergência. Até mesmo aqueles que já tinham sido realizados e que não tinham o curso de formação concluído não vão sair", afirmou a secretária de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Célia Correa.


Célia Correia disse que não haverá nenhum concurso este ano Foto:Cadu Gomes/CB/D.A Press
Nos próximos nove meses, os principais concursos com previsão de abertura pretendiam selecionar pelo menos 4 mil novos servidores (veja quadro). O corte foi justificado pela necessidade de o governo federal ajustar as contas públicas para frear o crescimento e conter a volta da inflação. A porteira fechada para os concursos não afeta diretamente as seleções para o Judiciário e o Legislativo, mas por conta do clima de ajuste fiscal, as seleções feitas pelos dois Poderes também devem ficar para o ano que vem. Do corte anunciado ontem pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, cerca de R$ 18 bilhões virão de investimentos previstos em emendas parlamentares e R$ 32 bilhões de despesas com custeio, como a contratação de novos servidores e abertura de concursos públicos.

A notícia da escassez nos concursos até o fim do ano frustrou quem se dedica em tempo integral às seleções públicas. O autônomo Pedro Paulo Ferreira, de 25 anos, intensificou os estudos no começo do ano com a esperança de passar na seleção para técnico do Senado, cujo edital estava previsto para ser publicado neste semestre. Embora não faça parte do corte anunciado pela União, a seleção também foi adiada pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). "Gastei R$ 2,8 mil com cursinho e tenho me dedicado sete horas por dia para estudar. O governo deveria cortar outras coisas ou deixar de dar aumento para os próprios ministros, deputados e senadores. Só não poderia cortar os concursos", disse Ferreira.

Segundo o autônomo, que atualmente trabalha com o pai na Ceasa, a suspensão dos concursos públicos é um balde de água fria para a maior parte dos concurseiros. "Fico frustrado com a notícia. É desesperador. Muita gente ficou sem rumo", desabafou. Além dos concursos do Judiciário e do Legislativo, ficam livres dos cortes as seleções de empresas estatais sem dependência orçamentária da União, como a Petrobras e os Correios. De acordo com o Planejamento, os reajustes salariais já negociados com as categorias serão mantidos, mas novos aumentos estão descartados. "Não vai haver nenhum tipo de calote este ano", garantiu Célia. Entre os reajustes na fila de votações do Congresso, está o de 56% para os servidores do Judiciário.

Na berlinda

O governo cortou R$ 3,5 bilhões da previsão de despesas com contratação de servidores e concursos, ou 70% do total previsto para 2011:

No fio da tesoura

Veja a lista de seleções que estão sob risco

Órgão - Vagas

INSS - 2.500

Polícia Federal - 1.000

Empresa Brasil de Comunicação - 400

Ibama - 362

Ancine - 100

Biblioteca Nacional - 44

Total - 4.406

Em banho-maria

Ministério Público da União - 6.804**

Marinha 2.200

Inmetro - 253

Ministério do Meio Ambiente - 200

Anatel 141

Aneel - 139

Ministério do Turismo - 112

Marinha Mercante - 100

Infraero - 99

CNPq - 95

Embratur - 84

Abin - 80

Marinha (Segundo Oficial de Náutica) - 60

Instituto Rio Branco - 26

Total - 10.393

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